segunda-feira, 14 de novembro de 2011

poema projeto


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O projeto é confundido com o produto
mas não é o produto
o projeto é o caminho
que passa pelo produto
e se continua
até o fim do produto
e se continua
pois o projeto é um caminho
assim
o projeto não é a cadeira
a ponte, o arranha-céu, a cidade
o garfo, a faca, a cozinha
o refrigerante, a embalagem, o automóvel
o ursinho de brincar
o projeto não é o sapato
nem o biodigestor
nem a fábrica nem a indústria
pois o projeto não é a instituição
o projeto é o processo
o produto um dos seus resultados
[a atividade do projeto é um caminhar
que passa pelo produto e se continua]
o projeto é aperfeiçoável; exercitável, aprendível
o projeto não é o produto
assim a complexidade do projeto não está no produto
[a complexidade do produto é inerente a este]
a complexidade do projeto está no seu caminho
na maneira de sua condução
[um simples pote de barro pode resultar de
complexa atividade projetual]
o projeto pode ser ir da casa até a fonte
[quando o caminho não é suficientemente conhecido]
o projeto pode ser a atividade exercida
para resolver problemas diários
o projeto não é a luz, mas uma das
maneiras de obtê-la.



Texto de
José Luiz Mendes Ripper
Disciplina "Projeto" / Design Social
Agosto, 1982

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imagem
Jardim de pedras [枯山水 Karesansui, em japonês], ou jardim Zen é uma campo raso de areia contendo areia, cascalho, pedras e muitas vezes grama ou outros elementos naturais.

4 comentários:

o refúgio disse...

muto bom!:D

Raul Motta disse...

Bom mesmo, Sandra!

Um texto que é mais que palavras...

Abraços, bons caminhos!

Anônimo disse...

O projeto não é a luz, mas uma das maneiras de obtê-la.Interessante a ideia do texto.Gostei muito.

Raul Motta disse...

Grato, Parole!

É isso: o projeto é a poiesis - o fazer-se enquanto se cria...

Abraços, bons caminhos pra ti!